Monday, November 29, 2004

palavra do dia

Há certas frases que se potenciam incluindo "um bocadinho" tornando-se muito mais ofensivas

Ex:

"Tás com o cabelo um bocadinho oleoso"
"Tens um bocadinho mau hálito"
"Ficaste um bocado (um bocadinho) mal"

e o já famoso

"Faltou-te um bocadinho".

Põe-se ainda a questão de qual será pior: "Foste um bocadinho parvo" ou "Foste um bocado parvinho" ou ainda "Foste um bocadinho parvinho" ?

São estas as questões que faltam responder. E já agora aproveito a situação privelegiada para vos chamar a atenção para a palavra "bocado". Dito com diferentes sotaques adquire uma vasta gama de conotações Pode parecer, por exemplo, ao mesmo tempo, algum tipo de pão italiano, um segredo ou ainda um acto praticado em privado com outrem.

Bocado.
Bocado.
Bocado
Bocado
BOCADO
BOCADO

Thursday, November 11, 2004

som

E o primeiro e muito ansiado "Prémio eMule para Album da Semana" vai para o CD dos the libertines que vai pelo nome de "the libertines".

Grande rokalhada. Se entrasse em promenores de influencias nunca mais acabava e nem sei que chegue para isso. Só sei que é grande som e parece que foi tudo gravado ao vivo como se não tivessem paciencia para repetir. Cru mas evoluido.


Wednesday, November 10, 2004

comments

Se acontecer por acaso alguem vir parar - por força do destino - ao comosediz e quiser escrever o q quer q seja estejam à vontade. É so clicar no botão dos comments e depois em "Or Post Anonymously" e escrever.

Podem escrever o q quiserem q eu dou a minha palavra de q apago se for uma cretinice.

camelo que chora

Filme muito bom ontem no teatro campo alegre

"o camelo que chora" ou uma coisa do género.

é sobre uma tribo que vive no deserto gobi e toma conta de camelos. não soa estimulante mas tem altas paisagens e dá uma muito boa ideia de como - independentemente do sitio onde se está - há certõs aspectos da humanidade que não mudam.

Pensando bem, se calhar os sitios onde há menos humanidade são os sitios onde há mais humanos.




Monday, November 01, 2004

contas

Morreram 100,000 civis no Iraque.
É o mesmo que 66 aviões a deitar abaixo 66 torres gemeas.

sneakers

Muito boa festa ontém. Museu da industria. Vargas com vista para o rio. Parecia outro país.
Pessoas com boa onda e bem dispostas. Só não percebo uma coisa. O que é que toda a gente faz? Pela aspecto são ligadas às artes e pelas conversas também: escultores, pintores, músicos, estilistas etc... Mas então onde é que está a arte em Portugal? Como é que uma geração inteira de criativos ligadas ao movimento internacional não é capaz de mais? Como é que não há mais bom teatro, boa arte, bom som?

Acho que o problema é um de prepotência. Nos paises mais desenvolvidos a arte teve um processo gradual: foram-se construindo ideias e deitando-as a baixo constantemente - as populações foram-se tornando mais exigentes. Criou-se uma cultura de cultura. Em Portugal, talvez por culpa da ditadura e da opressão imposta aos artistas (mais tradicionalmente ligados à ideologia esquerdista), não houve essa evolução natural. Houve revolução, abertura ao mundo e entrada de ideias. Mas entrou tudo ao mesmo tempo. Não houve tempo para bases. Ou seja, fomos expostos quase violentamente a uma arte internacional já muito avançada e experimentalista. Houve uma adesão mas uma adesão sem bases. Entramos no experimental sem ter feito parte do processo e isso a meu ver tira credibilidade e autenticidade à nossa arte.

Criou-se um ambiente de "rei vai nu" em que as "elites" artisticas fazem produções para as próprias elites e ninguem tem a coragem de vir dizer:

"Voces desculpem, eu se calhar é que não percebo mas isto pareceu-me uma grande merda"

Há salas vazias nos teatros e exposições sem ninguem e a culpa é da televisão e internet. Mas a verdade é que um Zé que um dia decida que quer experimentar ir ao teatro depara-se com 2 ou 3 horas de um grupo de jovens quasi-nús pintados de laranja a rebolar e gritar "eu quero ser um bocado de cotão!" ou "sua grande pêga lasciva morta no esgoto!" - e nunca mais lá poe os pés. Os encenadores, artistas, musicos, andam todos numa éspecie de masturbação autista sem qq respeito pelo público. Depois há uns textos de apoio - que deveriam ter uma papel importantissimo por introduzir ao observador o contexto da arte - mas que pelo contrário derrotam de vez qq ideia de se querer perceber o q se está a passar.

Ainda no outro dia assisti a um jovem que trabalhava comigo e que queria fazer uma exposição a dizer "oube-lá, nós queriamos mesmo era que as pessoas sentissem a arte e que interagissem com ela. Queremos provocas reacção tás a ver? Até tou a pensar em por um bocado de merda, um bocadinho sabes, na entrada da sala para as pessoas pensarem - ei olha um bocado de merda". É mesmo este o problema. Não há bases e querem todos andar no pelotão da frente ou seja: ninguem faz um esforço para haver arte "acessivel" (um quadro com nexo, um teatro com história) e a arte de vanguarda é fraquissima pq não há um escrutinio amplo e imparcial - os artistas andam todos a dizer que sim uns aos outros e o Zé fica em casa pq aquilo faz-lhe dores de cabeça e ele sente-se burro.